Há uns dias, a minha amiga Belga deu-me este 100 days notebook. Fiquei apaixonada por ele. Aliás, fiquei com imensa vontade de o escrever. Mas é tão bonito que nem me apetece ver lá palavras escritas. Vou ocupá-lo com o quê? É difícil afastar-me de um tema romântico e piegas quando o próprio notebook nos conduz, através das páginas e das frases que tem inscritas, para uma história de amor. Não que eu não tenha uma. Mas não sou, certamente, uma princesa. Seja como for, desperta a fantasia em todos aqueles que lhe pegam. Tresanda a magia. Eu não tresando a magia mas tenho um cantinho muito aceso neste coração que aparenta ser preto. Sou uma parola, vá. Choro com filmes românticos e, embora não me preocupe com o felizes para sempre, gosto desse conceito. Na capa, o notebook tem escrito o seguinte: My whole life seemed to start and end with you. Decidi ir à procura duma pirosice que escrevi, em 2010, para o meu namorado. É impressionante como, cinco anos depois, não sou capaz de alterar nenhuma palavra. E parece-me uma excelente maneira de começar a escrever este notebook, que makes your wish come true with fairy magic.
A esperança nunca existiu e a espera de nada servia. O calor aumentava e fazia o corpo suar à medida que a ansiedade derretia. As unhas roídas, começavam agora, a transformar-se num vício. Aquilo que eu pensara ser nervosismo, transformou-se em amor. Nem as palavras mais intensas o sabem descrever. Mergulhada na ignorância dos sentimentos, senti necessidade de me libertar de algo que não era meu. Parece impossível desejar tanto a liberdade de algo que não nos pertence e, provavelmente, não pertencerá. Aos poucos e em pouco tempo, apercebi-me de que o meu sistema nervoso detectara falhas irremediáveis. Dias depois, acusei o sistema digestivo devido à volta ao mundo em oitenta dias por parte do meu estômago. Fiz o meu próprio diagnóstico e dele não excluí nenhuma conclusão. Não pedi ajuda à medicina pois o meu orgulho ultrapassava qualquer doença ou simples indisposição. Os neurónios transformaram-se em fogo-de-artifício e, nas veias repletas de vibração, o sangue tanto circulava como parava. No tempo. No espaço. Na vida. O incompetente do coração abrandava a cada olhar para o infinito, o intocável. Aguardei pela morte, gritei por ela e, por instantes, ela apareceu, vestida de um vermelho tão forte como o do meu coração. Tentei seduzi-la mas ela desapareceu entre as trevas da minha mente. Já nada funcionava em mim. A ilusão era o único prazer que me restava. Então, armei-me de força e coragem e, sem me dar conta, iludi-me. E como foi bom iludir-me no mar verde dos teus olhos e na paz angustiante que me transmitias. Não demorou para que o meu corpo e a minha sanidade mental se recuperassem. Afinal, eu não precisava do diagnóstico. Precisava da cura. Deixei a ilusão de parte e envolvi-me no maior dos prazeres. Suguei todo o veneno doce que tinhas para oferecer. Na tentativa de te dar algo em troca, parti à procura do maldito botão que oferece oxigénio às células e elimina os resíduos. Renasci. E fiz questão de fazer uma grande alteração: coloquei-te em cada canto do agora competente coração. Alimentei-me de ti e continuo a fazê-lo. O teu oceano fez a Terra tremer. E mesmo sendo exagerado tomar-te como ocenano, és, de certeza, a gota de água, a gota de sangue e até a lágrima que faltava na minha vida. Atingi o intocável. O mais alto dos altares. Não tu. Mas os dois como um só.
A esperança nunca existiu e a espera de nada servia. O calor aumentava e fazia o corpo suar à medida que a ansiedade derretia. As unhas roídas, começavam agora, a transformar-se num vício. Aquilo que eu pensara ser nervosismo, transformou-se em amor. Nem as palavras mais intensas o sabem descrever. Mergulhada na ignorância dos sentimentos, senti necessidade de me libertar de algo que não era meu. Parece impossível desejar tanto a liberdade de algo que não nos pertence e, provavelmente, não pertencerá. Aos poucos e em pouco tempo, apercebi-me de que o meu sistema nervoso detectara falhas irremediáveis. Dias depois, acusei o sistema digestivo devido à volta ao mundo em oitenta dias por parte do meu estômago. Fiz o meu próprio diagnóstico e dele não excluí nenhuma conclusão. Não pedi ajuda à medicina pois o meu orgulho ultrapassava qualquer doença ou simples indisposição. Os neurónios transformaram-se em fogo-de-artifício e, nas veias repletas de vibração, o sangue tanto circulava como parava. No tempo. No espaço. Na vida. O incompetente do coração abrandava a cada olhar para o infinito, o intocável. Aguardei pela morte, gritei por ela e, por instantes, ela apareceu, vestida de um vermelho tão forte como o do meu coração. Tentei seduzi-la mas ela desapareceu entre as trevas da minha mente. Já nada funcionava em mim. A ilusão era o único prazer que me restava. Então, armei-me de força e coragem e, sem me dar conta, iludi-me. E como foi bom iludir-me no mar verde dos teus olhos e na paz angustiante que me transmitias. Não demorou para que o meu corpo e a minha sanidade mental se recuperassem. Afinal, eu não precisava do diagnóstico. Precisava da cura. Deixei a ilusão de parte e envolvi-me no maior dos prazeres. Suguei todo o veneno doce que tinhas para oferecer. Na tentativa de te dar algo em troca, parti à procura do maldito botão que oferece oxigénio às células e elimina os resíduos. Renasci. E fiz questão de fazer uma grande alteração: coloquei-te em cada canto do agora competente coração. Alimentei-me de ti e continuo a fazê-lo. O teu oceano fez a Terra tremer. E mesmo sendo exagerado tomar-te como ocenano, és, de certeza, a gota de água, a gota de sangue e até a lágrima que faltava na minha vida. Atingi o intocável. O mais alto dos altares. Não tu. Mas os dois como um só.
Isa Mirtilo, versão 16 anos