Hoje deu-me para filosofar um bocadinho. Another Earth é um
filme dramático que se apropria da ficção científica. Prometo não ser muito
spoiler. A vida de Rhoda Williams acaba por se cruzar com a de John Burroughs devido a um acidente de
carro. Sem me adiantar muito, posso afirmar que, a partir desse momento, Rhoda
adoptou uma culpa (que de facto teve) e instalou-a permanentemente na sua consciência.
Uma segunda Terra tinha sido descoberta. Uma excelente metáfora. A esperança de
Rhoda em ter uma segunda oportunidade. Um futuro melhor, quem sabe. Mas
sobretudo um passado melhor. Se na Terra 2, a sua “eu” fosse um espelho exacto,
então as acções de ambas teriam sido as mesmas. E se as pessoas na Terra 2
tivessem vidas completamente diferentes das nossas? Então Rhoda não teria
causado nenhum acidente. Esta possibilidade dá-lhe força suficiente para
vislumbrar uma vida nova. No entanto, as respostas para ambas as questões são
escassas. Vejam o filme, vale a pena.
Aquilo que me pergunto é o
seguinte: o que seria melhor? Ter uma isa mirtilo a escrever estas mesmas
palavras neste segundo ou uma isa mirtilo fisicamente idêntica mas a viver uma
vida de amora? Às vezes acho que seria demasiado egoísta e não iria gostar, de
todo, da existência de uma outra “eu”. Quem seria melhor? Que tipo de relação
existiria entre nós? E odiando eu essa “eu” (uma mirtilo igual), odiar-me-ia a
mim? São questões difíceis porém importantes para a existência humana. Sabemos que
temos defeitos mas não somos capazes de os ver externamente. Assim seríamos. Ao
tentar destruir essa “eu”, apelando às suas falhas, também estaria a anular as
suas qualidades. As minhas. Talvez a opção da amora fosse melhor. Os gémeos
podem dar-se bem…
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Another Earth 2011 Mike Cahill |
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