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segunda-feira, 30 de março de 2015

Another Earth

Hoje deu-me para filosofar um bocadinho. Another Earth é um filme dramático que se apropria da ficção científica. Prometo não ser muito spoiler. A vida de Rhoda Williams acaba por se cruzar com a de John Burroughs devido a um acidente de carro. Sem me adiantar muito, posso afirmar que, a partir desse momento, Rhoda adoptou uma culpa (que de facto teve) e instalou-a permanentemente na sua consciência. Uma segunda Terra tinha sido descoberta. Uma excelente metáfora. A esperança de Rhoda em ter uma segunda oportunidade. Um futuro melhor, quem sabe. Mas sobretudo um passado melhor. Se na Terra 2, a sua “eu” fosse um espelho exacto, então as acções de ambas teriam sido as mesmas. E se as pessoas na Terra 2 tivessem vidas completamente diferentes das nossas? Então Rhoda não teria causado nenhum acidente. Esta possibilidade dá-lhe força suficiente para vislumbrar uma vida nova. No entanto, as respostas para ambas as questões são escassas. Vejam o filme, vale a pena.


Aquilo que me pergunto é o seguinte: o que seria melhor? Ter uma isa mirtilo a escrever estas mesmas palavras neste segundo ou uma isa mirtilo fisicamente idêntica mas a viver uma vida de amora? Às vezes acho que seria demasiado egoísta e não iria gostar, de todo, da existência de uma outra “eu”. Quem seria melhor? Que tipo de relação existiria entre nós? E odiando eu essa “eu” (uma mirtilo igual), odiar-me-ia a mim? São questões difíceis porém importantes para a existência humana. Sabemos que temos defeitos mas não somos capazes de os ver externamente. Assim seríamos. Ao tentar destruir essa “eu”, apelando às suas falhas, também estaria a anular as suas qualidades. As minhas. Talvez a opção da amora fosse melhor. Os gémeos podem dar-se bem…

Another Earth   2011 Mike Cahill

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