Oito da manhã. Algures no passado.
Estava eu a acabar de enfiar a cabeça pela gola da camisola quando, de repente,
oiço o telemóvel tocar. Minto. A vibrar. Do outro lado, uma voz estridente e
desesperada: traz-me uma batata por
favor, traz-me uma batata! Era apenas uma das minhas amigas. Louca. Porque
raio quereria ela, tão cedo, uma batata? No liceu? Com o mesmo tom e sem se
sentir 1% mais calma, explicou-me: acordei
com o olho inchado e preciso de uma batata. Já saí de casa e preciso que me
tragas uma batata, ou duas, não sei. Ai, estou tão mal. Acabei de me
vestir, tomei o pequeno-almoço e, se bem me lembro, devo ter tomado um
comprimido para as alergias. Era primavera. Mal pus um pé fora de casa, voltei
a puxá-lo para dentro. Dirigi-me à cozinha, ao balde das batatas e lá parti uma
ao meio. Ao chegar ao liceu, tiro o saco secreto da minha mochila e apresento a
batata heroína à Citrina. Ainda nem lhe tinha visto o olho. Quando olhei para
ela, sentada, moribunda, de casaco branco e olho preto, não resisti. Ri-me e
gozei com ela como só uma amiga tem direito a fazê-lo. Depois, em modo mãe,
ajudei-a com a batata e aconselhei-a a não dormir com a cabeça enterrada nas
almofadas. Claro que, sendo ela um citrino dramático, quando percebeu que
estava melhor desfez-se da batata para ninguém a ver. Tal como algumas pessoas
se desfazem de nós quando a nossa ajuda foi tão valiosa. Ainda hoje nos rimos
do episódio batatal. Jamais
esqueceremos como a batata (e o pepino) têm efeitos tão calmantes para tratar os inchaços e as olheiras. Traz-me uma
batata, traz-me uma batata…
Essa da batata não fazia a mínima ideia! É óptimo saber destes truques ;)
ResponderEliminarbeijinhos
food&emotions
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