O movimento dadaísta teve uma
posição ambígua relativamente ao futurismo. Talvez se sentisse, ao mesmo tempo,
atraído e enojado pelo desenvolvimento tecnológico. Os dadaístas opuseram-se ao
racionalismo técnico, à velocidade e exaltação da máquina. Usaram e abusaram da
ironia para ridicularizar o optimismo dos futuristas. Francis Picabia foi um
dos artistas que começou a pintar máquinas com rigor científico. Contudo, estas
máquinas foram humanizadas. Crítica à imposição da máquina sobre o homem. Em Parade
Amoureuse, 1917, são apresentados elementos mecânicos interligados de modo a
produzir algo. Mas a sua utilidade tecnológica já não é importante. A máquina
passa a sentir e desejar como um ser humano, descrevendo os seus comportamentos
íntimos e eróticos. Tão complexos como a criação de um qualquer mecanismo…Tal
como a relação entre duas pessoas, um “engenho” necessita de outro para poder
funcionar. Assim, as estruturas mecânicas passam por um processo semelhante ao
acto sexual: têm desejos, movimentos bruscos, espasmos, mil rotações por
minuto, suspiros, cansaço, etc. Ou o contrário. A máquina sente.
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