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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Pi = 3,14

Se a morte anda tão chegada à vida não é por uma necessidade biológica — é por ciúme. A vida é tão linda que a morte se apaixonou por ela, e é um amor ciumento, possessivo, que tenta controlar o que pode. Mas a vida escapa a esse controle com a maior facilidade, perdendo apenas uma coisinha ou outra sem grande importância e, para ela, a tristeza não passa de uma sombra passageira de uma nuvem.
A Vida de Pi, Yann Martel 2001

A Vida de Pi (Life of Pi). Recomendo, de igual modo, o livro e o filme (Ang Lee, 2012). Primeiro, li o livro. Fiquei com vontade de ver o filme mas pensei logo que podia ser uma desilusão. Que toda a riqueza do livro iria desvanecer. Neste caso, essa ideia é totalmente errada. Claro que um livro é um livro. Bem sei. Mas um filme também é um filme. E estes dois vivem, na minha opinião, muito um do outro. Porque são igualmente ricos em imagens, descrições e sentimentos. O filme acaba por ser uma reinterpretação das imagens que já tinha lido. Mas também acrescenta elementos visuais que, por algum motivo, não consegui imaginar. Um rapaz que sobrevive a um naufrágio e, no barco salva-vidas, tem que partilhar o pouco espaço que tem com um tigre. Parece ridículo e infantil. Mas não é. Ensina-nos imenso acerca da condição humana. Da sobrevivência, da convivência, do desespero e, sobretudo, da imaginação. 
Então a morte é apaixonada pela vida. E a maneira que encontrou para a amar possessivamente, foi desafiá-la diariamente. Colocar-lhe obstáculos. Para que a vida não sobreviva. Para que a vida dê lugar à morte. Há amores assim. Amores em que se torna impossível conviver. Em que alguém tem que sair para o outro ficar. Em que o um vive para si mesmo, sem contar que o resultado sejam dois. É isso que a morte faz. Quer controlar, ser um todo, ser a única e ser completa. Já a vida, perdendo muitas batalhas, é capaz de se erguer vezes sem conta. Relativiza os problemas. Quando sofre, sofre a sério. Mas, a seguir, o sorriso já lhe ocupa a cara toda. Somos nós. Temos essa capacidade de enfrentar a morte porque não, ela não é mais forte que nós. E, até quando nos vencer, vai ser mais fraca. Porque a vida continua. A morte não.

créditos imagem : alternativemovieposters.com




3 comentários:

  1. Nossa adorei o post e realmente fiquei com muito vontade de saber mais sobre essa história parece ser bem interessante pela forma como descreveu o livro e o filme. Como adoro saber ler e ver filmes interessantes com esse não será diferente.
    Beijinhos pra ti :*
    Camila e Carol

    http://www.vamospapear.com/

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  2. Eu vi esse filme e gostei bastante, muito marcante e com uma mensagem realmente impactante. Adorei sua resenha, beijos
    http://trendtotal.blogspot.com.br/

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